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Posts para categoria ‘Orquídeas e Bromélias’

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As orquídeas adaptaram-se aos mais variados ambientes. Podem ser terrestres, crescendo tanto em campinas e savanas em meio à relva, como sobre o solo de florestas sombrias; epífitas sobre árvores ou arbustos, próximas ao solo abrigadas da luz, ou perto do topo das árvores e cactos, submetidas à bastante luz; litófitas crescendo sobre solos rochosos ou apoiadas diretamente nas pedras, psamófitas sobre a areia das praias, saprófitas em turfa e elementos em decomposição no solo, ou raramente aquáticas em brejos e áreas pantanosas.

Um caso extremo é uma espécie subterrânea da Austrália da qual apenas ocasionalmente emergem as flores.

Crescimento
Apresentam crescimento contínuo ou sazonal, simpodial ou monopodial, agrupado ou espaçado, ascendente ou pendente, aéreo ou subterrâneo, o crescimento das orquídeas dá-se de maneiras muito diversas. Conforme o ambiente predominam certas formas de crescimento.

Nas áreas tropicais o crescimento contínuo é mais comum, porém existem espécies de crescimento sazonal. Em áreas sujeitas à secas ou frio intenso o crescimento costuma ser sazonal. As orquídeas monopodiais costumam crescer de maneira contínua. As simpodiais apresentam certa sazonalidade.

Raízes
As orquídeas não apresentam raízes primárias, que são raízes centrais principais de onde brotam outras raízes secundárias, mas apenas as raízes secundárias as quais brotam diretamente do caule e ocasionalmente de outras raízes. Frequentemente servem de depósitos de nutrientes e água e ajudam as plantas a reterem e acumularem de material nutritivo que se deposita em suas bases.

Em alguns casos são também órgãos clorofilados capazes de realizarem fotossíntese durante os períodos em que as plantas perdem as folhas. Variam em espessura, de muito finas a extremamente grossas. A estrutura das raízes diferencia-se muito entre as orquídeas, conforme a maneira e local onde crescem.

As espécies epífitas geralmente apresentam robustas raízes, cilíndricas enquanto aéreas, as quais assumem formato achatado após aderirem ao substrato. Em regra são recobertas por espessa superfície esponjosa e porosa denominada velame, tecido altamente especializado na absorção de água ou umidade do ar.

As espécies terrestres normalmente encontram-se espessadas em pequenas ou grandes estruturas parecidas com tubérculos de esféricos a longamente cilíndricos que servem de reserva de nutrientes e água e substituem os pseudobulbos presentes nas espécies epífitas. Ocasionalmente estes tubérculos separam-se da planta principal originando novas plantas.

A durabilidade das raízes varia em função dos fatores ambientais e geralmente é inferior à duração dos caules. Novas raízes costumam brotar durante ou no final do período de crescimento vegetativo da planta.

Apesar de geralmente não ser a fonte principal de nutrientes das orquídeas, estas geralmente valem-se da associação com um fungo chamado Micorriza que se aloja nas células exteriores do velame de suas raízes e excreta diversos nutrientes então diretamente absorvidos por suas raízes.

Caules
Nas espécies epífitas de crescimento simpodial o caule geralmente é composto por parte reptante, curta ou longa, fina ou espessa, chamada rizoma e parte aérea que pode ou não encontrar-se espessada em estrutura para reserva de água e nutrientes conhecida como pseudobulbo.

Em alguns gêneros epífitas, particularmente em alguns gêneros relacionados às Huntleya o caule secundário aéreo encontra-se reduzido a um nódulo ínfimo que origina as folhas.

Nas espécies epífitas de crescimento monopodial o caule é único e aéreo, ereto ou pendente, e não se encontra espessado em pseudobulbos, sendo ajudado no armazenamento de nutrientes pelas folhas e raízes que brotam continuamente ao longo de todo o caule.

As espécies terrestres podem ou não apresentar caules desenvolvidos e estes, diferente das epífitas, que sempre apresentam caules perenes, podem ser parcialmente decíduos. Algumas das orquídeas terrestres apresentam caules muito longos, que podem chegar a mais de seis metros de comprimento.

Folhas
A grande maioria das orquídeas apresenta folhas com enervação paralela de cruzamentos dificilmente visíveis. Usualmente dispostas em duas carreiras opostas e alternadas em ambos os lados do caule.

Muitas espécies apresentam apenas uma folha terminal. O formato, espessura, estrutura, quantidade, cor e tamanho e maneira de crescimento das folhas tem uma variação muito grande.
- A forma das lâminas foliares pode ser circular, elíptica, lanceolada, obovada, linear, espatulada, oblonga, além infindável variedade de outras formas intermediárias destas.
- A ponta das folhas pode ser arredondada, reta, acuminada, fina ou espessa, radial, ou desigual.
- Suas margens geralmente são suaves, parcialmente curvas, raramente denticuladas.
- A estrutura das folhas pode apresentar pecíolo ou não, com diferente número de enervações longitudinais paralelas, bastante visíveis ou quase imperceptíveis a olho nu
- A espessura das folhas varia de muito finas e maleáveis ou carnosas, firmes e quebradiças até inteiramente suculentas.
- Geralmente verdes nas mais diversas gradações, suas cores podem ainda variar completamente conforme a face, de vermelho a marrom escuro, tons acinzentados, azulados ou amarelados. Algumas espécies apresentam folhas maculadas, estriadas ou pintalgadas por cores diversas.
- Geralmente com superfície brilhante, podem ainda apresentar-se foscas ou com aparência farinosa.

Algumas espécies são desprovidas de clorofila nas folhas. A maioria das espécies conserva suas folhas por alguns anos mas algumas perdem as folhas logo após o período de crescimento e outras apenas em condições ambientais desfavoráveis.

Existem ainda alguns gêneros nos quais as folhas são apenas rudimentares, dando a impressão de serem constituídas apenas pelas raízes e flores. Nestes casos as raízes são responsáveis pela fotossíntese.

Inflorescência
As inflorescências, de acordo com a espécie, podem ter de uma a algumas centenas de  flores, , e podem ser apicais, laterais ou basais, racemosas ou paniculadas, formando ramos, corimbos ou umbelas, com flores simultâneas ou abrindo em sucessão, ao longo da inflorescência ou brotando sempre no mesmo local.

Algumas espécies apresentam estruturas perenes que servem apenas para floração como no caso das espécies do gênero Psychopsis e algumas das Masdevallia. As flores geralmente apresentam brácteas em sua base, muitas vezes extremamente reduzidas em tamanho, ou bastante grandes e até mais vistosas que as flores, como em algumas espécies do gênero Eria e CYrtopodium.

A inflorescência das espécies do gênero Dimorphorchis pode estender-se por quase cinco metros com flores espaçadas em quase um metro. A inflorescência das Octomeria mede poucos milímetros de comprimento.

Flores
Dentre todas as famílias de plantas possivelmente as orquídeas é a família que apresenta maior espectro de variação floral. Geralmente apresentam flores hermafroditas mas, além destas, em alguns gêneros podem apresentar flores exclusivamente masculinas ou femininas.

O tamanho das flores varia de dois milímetros a mais de vinte centímetros. Suas cores vão de quase transparentes ao branco, com tons esverdeados, rosados ou azulados até cores intensas, amarelos, vermelhos ou púrpura escuro. Muitas flores são multicoloridas.

As flores normalmente apresentam simetria bilateral, com seis tépalas divididas em duas camadas, três externas chamadas sépalas e três internas denominadas pétalas. Tanto as sépalas como as pétalas são grandemente variáveis em formato e tamanho e podem ocasionalmente apresentar-se parcialmente ou inteiramente soldadas.

A pétala inferior das orquídeas a que chamam labelo, sempre é diferenciada, ou expandida, podendo ser bastante simples e parecida com as outras pétalas ou apresentar calos, lamelas ou verrugas, formatos e tamanhos muito variados até bastante intrincados com cores diversas e contrastantes.

Em muitos gêneros o labelo apresenta um prolongamento tubular oco ou um nectário próximo ao local em que se fixa à coluna, o qual recebe o nome de calcar. A observação das estruturas e padrões do labelo é uma das maneiras mais simples de reconhecer as diferentes espécies de orquídeas.

Os órgãos reprodutivos (androceu e gineceu) encontram-se reduzidos e fundidos em uma estrutura central chamada coluna, ginostêmio ou androstilo. O número de estames varia entre as subfamílias: Apostasiosdeae possui três; Cypripediodeae dois, com o estame central modificado; as demais apresentam apenas o estame central funcional, com os dois outros atrofiados ou ausentes.

Também a observação das características da coluna ocupa posição importante na identificação das orquídeas.

Os grãos de pólen quase sempre encontram-se aglutinados em massas cerosas chamadas polínias, mas podem encontrar-se também agrupados em massa pastosa, ou rarissimamente soltos. As polínias ficam penduradas em uma haste chamada caudículo ou estipe, conforme sua estrutura, presas por um disco viscoso chamado viscídio, coladas por um líquido espesso secretado pelo rostelo.

A maioria das espécies epífitas apresenta uma pequena capa recobrindo as polínias, denominada antera. O estigma é normalmente uma cavidade na coluna, onde as polínias são inseridas pelo agente polinizador. O ovário é ínfero, tricarpelar e possui até cerca de um milhão de óvulos.

Fruto
Praticamente todas as orquídeas apresentam frutos capsulares. Eles claramente diferem em tamanhos, formas e cores. As epífitas apresentam frutos muito mais espessos com paredes carnosas, espécies terrestres apresentam frutos mais finos com paredes mais delicadas. Geralmente são triangulares, mais ou menos arredondados, com números de lamelas que variam de três a nove.

Alguns são lisos outros rugosos ou mesmo cheios de tricomas, verrugas ou protuberâncias em sua superfície. Os frutos desenvolvem-se com o engrossamento do ovário na base da flor, o qual geralmente é dividido em três câmaras. Quando maduro o fruto seca e abre-se em três ou seis partes ao longo do comprimento, embora não inteiramente, mantendo-se sempre preso à inflorescência.

Boa parte das sementes logo cai, depositando-se entre as raízes da planta mãe, as sementes são também amplamente dispersas com o vento por longas distâncias.

Sementes
Quase todas as orquídeas apresentam sementes minúsculas e leves, constituídas por um pequeno aglomerado de células de cobertura abrigando um embrião. Cada planta produz de centenas de milhares de sementes em cada uma de suas cápsulas.

o contrário da maioria das plantas, as quais produzem um endosperma capaz de alimentar o desenvolvimento do embrião em seus primeiros estágios, as orquídeas utilizam-se de um processo simbiótico o fungo Microrriza que excreta os nutrientes utilizados pela jovem orquídea a partir da decomposição pelo fungo do material encontrado próximo à semente.

Tão logo o embrião é capaz de realizar a fotossíntese, este processo torna-se responsável pela alimentação da planta e a Micorriza não é mais necessária, no entanto, algumas espécies de orquídeas saprófitas nunca serão capazes de realizar a fotossíntese plenamente e permanecem dependentes do fungo por toda a vida.

Algumas espécies de orquídeas, por exemplo, as do gênero Bletilla, apresentam alguma quantidade de endosperma. Poucas espécies de orquídeas têm sementes grandes, estas são representadas principalmente pelos membros da subfamília Vanilloideae.

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O Brasil abriga cerca de 40 espécies de Encyclia que estão distribuídas por todo território do nosso país. Este gênero de orquídea vegeta em locais com maior luminosidade e boa ventilação, como nos cerrados, matas secas e outros tipos de vegetação que estão associados às formações rochosas. São geralmente epífitas, mas existem muitas espécies rupícolas e raras terrestres.

Dentre as espécies de Encyclias nativas do nosso país, vamos conhecer um pouco mais sobre duas espécies que foram recentemente descobertas e descritas para Minas Gerais. Estas espécies são completamente diferentes das outras encyclias encontradas até então, pois apresentam algumas peculiaridades em suas morfologias.

Encyclia marxianaEncyclia marxiana : É uma planta de porte pequeno e flores bem menores que as outras encyclias. Uma das características marcantes dessa espécie é ter sua coluna completamente coberta pelos lobos laterais, característica esta que não aparece em outras espécies brasileiras.
Apenas algumas encyclias  do México possuem esta peculiaridade. Outra característica importante desta espécie é a presença de uma intensa verrugosidade em seu pedúnculo e em suas cápsulas, além das flores não ressupinadas.
A Encyclia marxiana é epífita e vegeta nas margens de córregos, em matas com alta incidência de luz e ventilação. Até então foram encontradas poucas plantas dessa espécie, aparentemente é uma orquídea de distribuição rara na natureza. Floresce no início do inverno.

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Essa orquídea epífita vegeta nas margens de córregos nas matas bem iluminadas do cerrado, sua floração ocorre no início do inverno e tem as mesmas características morfológicas da espécie antes citada. Mas ao contrário da mesma, a Encyclia oliveirana tem uma distribuição bem mais ampla, ela já foi encontrada nas cidades mineiras de Botumirim, Capelinha, Comercinho, Pedra Azul, Veredinha e Turmalina. As pequenas flores têm desenhos lineares em suas pétalas e sépalas que as deixam muito belas, além de um agradável perfume.

Essas duas encyclias são de fácil cultivo, adaptam-se melhor quando plantadas em toquinhos de madeira rugosa, como ipê, placas de madeira e também em cachepots. Como a maioria das encyclias elas não toleram excesso de umidade, e exigem muita luz e ventilação.

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As orquídeas que afloram em regiões rochosas têm a difícil tarefa de se manterem vivas e se reproduzirem nesse hostil ambiente. A oscilação de temperatura e o ambiente aparentemente sem condições para nutri-las são alguns dos fatores que limitam muitas espécies a se adaptarem nas rochas, porém aquelas que se aventuram e resistem a todas as barreiras naturais se tornam verdadeiras dominadoras dessas paisagens.

Alguns gêneros são facilmente percebidos em muitos afloramentos rochosos, isso porque criaram mecanismos para aproveitar qualquer oportunidade do ambiente que seja favorável ao seu pleno desenvolvimento. A reciclagem da biomassa é muito notada nestes biomas, onde toda matéria orgânica se transforma em substrato para as plantas que necessitam de um solo mínimo para o enraizamento. Por outro lado, nas rochas, vemos também muitos vegetais que simplesmente “caminham” pela rocha nua e não se sentem limitados, estes já se encontram no ápice da evolução e por isso conseguem viver em tais condições.

Em contrapartida, estas plantas estão apropriadamente adaptadas, contudo, são extremamente dependentes dos afloramentos rochosos e raramente respondem bem ao cultivo doméstico, pois os cultivadores não são capazes de oferecer um local e condições ideais para seu pleno desenvolvimento.

Cada espécie responde de forma diferente a um mesmo ambiente e por isso observamos verdadeiros mosaicos na vegetação, onde a heterogeneidade e a harmonia das espécies resultam em verdadeiros jardins rústicos. A convivência entre as muitas famílias botânicas e as diferenças entre elas nos revelam que esses ambientes vem sendo povoados por vários períodos, sendo que as espécies mais evoluídas foram se sobrepondo àquelas menos adaptadas, resultando numa seleção natural.

Orquídeas, bromélias, cactos e vellozias são algumas das famílias botânicas que atualmente estão melhor representadas nos afloramentos rochosos, havendo uma grande diversidade de espécies. Essas plantas são dependentes umas das outras, pois juntas formam ilhas de vegetação e dão oportunidade para que outras espécies se desenvolvam dentro daquele ambiente mais favoravelmente.

É fácil perceber que muitas plantas não resistiriam a viver em locais que aparentemente não sustentam a vida, como é o caso dos afloramentos rochosos. A alta insolação, a escassez de umidade por um longo período, as altas temperaturas durante o dia e oposição a alta umidade e baixas temperaturas durante a noite são alguns dos fatores que podemos citar, mas esses vegetais resistiram e agora povoam esses ambientes.

Muitas espécies de orquídeas desenvolveram mecanismos para resistir às barreiras naturais, possibilitando que elas possam sobreviver por um grande período de estio, pois os ambientes em que elas se desenvolvem não se caracterizam pela retenção de água suficiente. Tais mecanismos são órgãos que podem armazenar água e nutrientes por um longo período de escassez, geralmente são folhas e pseudobulbos carnosos e suculentos responsáveis pela manutenção da vida desta família botânica. Além disso as orquídeas ativam, mais intensamente, o metabolismo durante o período da noite, já que o sol e o calor fariam com que elas transpirassem muito e perderiam, desta forma, líquidos preciosos durante o dia.

As raízes vão em busca de água e nutrientes na rocha ou nas camadas finas de terra que se acumulam sobre ela, muitas vezes elas ficam protegidas pela camada de musgo e líquen que se estabelecem sobre a pedra e deles também elas recebem sais oriundos das rochas, que já estão parcialmente dissolvidos.

Assim como outras plantas, as orquídeas que vivem nas rochas apresentam poucas folhas, pois assim elas economizam água através da baixa taxa de transpiração. O desenho das folhas pode variar, mas normalmente elas serão pequenas e rígidas. Certas orquídeas perdem as folhas por um período, e apenas voltam a apresentar novas folhas quando há uma nova brotação. As orquídeas terrestres possuem este mecanismo e também deixam suas raízes, rizomas e tubérculos enterrados sobre a proteção da matéria orgânica.

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Já os pseudobulbos têm a maior importância para a sobrevivência das orquídeas em ambientes rochosos, pois é ele que armazena a maior quantidade de seiva para a planta e todas as energias necessárias para que ela tenha seu desenvolvimento saudável e natural, é ele que vai sustentar uma nova brotação, as folhas e as flores.

Sabe-se que cada ser vivo precisa lutar de todas as maneiras para a sua sobrevivência e perpetuar a própria espécie. As orquídeas e todas as outras formas de vida que existem nesse ambiente estão travando essa batalha pela vida a todo instante, criando uma forte dependência a essas condições.

Com esse exemplo natural podemos também passar a ver nosso mundo com mais atenção, pois também temos que nos adaptar a viver, a cada dia, em um mundo cada vez mais degradado pela própria ação humana. Com esta degradação do ambiente, estamos diminuindo as oportunidades de manutenção da vida dos seres vivos com os quais convivemos, além de não estarmos garantindo a sobrevivência das futuras gerações da nossa própria espécie.

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Se você tiver um espaço tipo corredor, é só colocar uma tela de 50% numa altura mínima de 2,5 m. Mas, se você tiver um espaço aberto, pode construir uma estufa aberta ou fechada com várias bancadas. O tamanho médio de uma bancada deve ser de 1,5 m de largura no máximo (para que você possa alcançar todas as plantas) e o comprimento, de acordo com seu espaço. A altura da bancada deve ser de cerca de 1 m, no mínimo 0,80 m. Você pode fazer quantas bancadas quiser, não esquecendo do espaço para circulação.

- Quanto à estrutura, a bancada pode ser de madeira, concreto ou metal, dependendo do que for mais prático e viável para você. Para apoiar os vasos, você pode usar tanto ripas de madeira ou de concreto quanto telas de aço ou de plástico resistente. Caso falte espaço, na parte de cima, se você colocar algumas hastes atravessadas, poderá pendurar também alguns vasos ou plantas em casca de madeira ou palito de xaxim, embora não seja muito aconselhável, porque os fungos ou vírus das plantas penduradas podem escorrer com a água para as plantas de baixo.

- No caso de você dispor somente de uma varanda ou peitoril de uma janela, isto não é motivo para desanimar, muitas pessoas cultivam belas orquídeas nestas condições, como está explicado em Cultivo em apartamento.

- Pode ser também que, em vez de telhas, sua casa seja coberta por laje. Neste caso, nada impede que seu orquidário seja feito em cima da casa, desde que você crie a umidade necessária. Por exemplo, você pode colocar cascalho no piso e deixá-los sempre molhados.

- Não se esqueça das árvores, onde a maior parte das orquídeas se ambientam muito bem, assim como todas as orquídeas epífitas.

- Não coloque as plantas muito aglomeradas para que haja um arejamento entre elas e para que um vaso não faça sombra para o outro.

- Não deixe de etiquetar suas plantas com o nome (jamais compre uma planta sem o nome, principalmente se for híbrida)e data da compra. A data da compra é importante porque convém replantar a cada dois anos, pois é o tempo que o xaxim leva para deteriorar.

Onde colocar a planta?
Iluminação é essencial. As plantas devem ficar numa varanda ou perto de uma janela, recebendo o sol da manhã e/ou tarde. Uma planta não deve fazer sombra para a outra. Se a janela for de vidros lisos, transparentes, deve receber uma cortina tipo tela que quebre o excesso de luz ou uma tela de nylon 50%, a fim de que o sol não incida diretamente sobre a planta e queime as folhas.

Luminosidade
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Luz é essencial. O ideal é manter as plantas sob uma tela Sombrite de 50 a 70%, dependendo da intensidade da insolação local. Assim elas receberão claridade em luz difusa suficiente para realizarem a sua função vital que é a fotossíntese. Se as folhas estiverem com cor verde garrafa, é sinal de que estão precisando de mais luz. E se estiverem com uma cor amarelada, estão com excesso de luz. Existem orquídeas que exigem mais sombra: é o caso das microorquídeas, Paphiopedilum, Miltônias colombianas. Para estas plantas pode ser usada uma tela de 80% ou uma tela dupla de 50% cada. Há outras que exigem sol direto, como a Vanda teres e Renanthera occínea que, se estiverem sob uma tela, poderão crescer vigorosamente, mas dificilmente darão flor. Há outras que também exigem sol direto como C. warscewiczii, C. persivaliana, Cyrtopodium pela simples razão de ser esse o modo como vivem nativamente

Temperatura
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A maior parte se adapta bem a temperaturas entre 15 e 25ºC. Entretanto, há orquídeas que suportam temperaturas mais baixas, como Cymbidium, Odontoglossum, Miltonias colombianas, todas nativas de regiões elevadas. Outras já não toleram o frio. É o caso das orquídeas nativas dos pântanos da Amazônia, como C. áurea, C. eldorado, C. violácea, Diacrium, Galeandra, Acacallis. Assim, devemos cultivar orquídeas que se aclimatem no lugar em que vão ser cultivadas. Caso contrário, o cultivo será muito mais trabalhoso, muitas vezes resultando em perda da planta. Felizmente, no Brasil, a variação de temperatura é adequada para milhares de espécies, algumas se adaptam melhor no planalto, outras nas montanhas, outras nos vales ou no litoral, mas justamente a variação de clima e topografia propicia a riqueza de espécies que temos.

Reprodução
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Na natureza, cada orquídea está adaptada para sua reprodução e este é seu objetivo primordial.

- Uma orquídea é perfumada, por exemplo, porque o seu agente reprodutor, isto é, o que carrega seu pólen para outra flor, é atraído por aquele perfume. O perfume, muitas vezes, para nós, é relativo, pois há as orquídeas que cheiram a carniça, quando seu agente reprodutor são moscas atraídas por este “perfume”.

- As não perfumadas, adaptadas a insetos que provavelmente não têm olfato, buscam atraí-los pela cor exuberante. Há as que se parecem com fêmeas de insetos, como a Ophris, para que os machos venham retirar seu pólen. Enfim, as formas exóticas que tanto nos atraem e o néctar que possuem são ardis especialmente criados pela flor, para preservar sua reprodução na natureza.

- Atualmente, um dos maiores agentes polinizadores é o homem. É um processo já observado por Darwin e que vem se realizando artificialmente há alguns séculos. Atualmente há cerca de 120.000 híbridos registrados, produtos dos cruzamentos mais diversos, como entre Oncidium e Odontoglossum, Miltonia, etc.

- Na polinização artificial, o homem colhe o pólen e pode guardá-lo para polinizar uma flor dali a alguns meses e assim obter um híbrido que floresce em data diferente, além de outras misturas.

Quando dividir, plantar e replantar
- A divisão e replantio devem ser feitos quando a planta estiver emitindo raízes novas, o que se percebe pelas pontinhas verdes nas extremidades das raízes, não importando a época, inverno ou verão. Quando for dividir a planta, cada parte deverá ficar com, no mínimo, três bulbos, tendo-se o cuidado de não machucar as raízes vivas, o que se consegue molhando-as, pois ficam mais maleáveis. Sempre flambeie com uma chama (de um isqueiro, por exemplo) o instrumento que vai usar para dividir a planta, para ter certeza de que a lâmina não está contaminada por vírus.

- No caso de orquídeas monopodiais, como a Vanda, Renanthera, Rhynchostylis, que soltam mudas novas pelas laterais, deve-se esperar que emitam pelo menos duas raízes, para, então, separar da planta mãe.

- As orquídeas do tipo vandáceas vão crescendo indefinidamente, atingindo metros de altura. Nesse caso, pode-se fazer uma divisão, cortando o caule abaixo de 2 ou mais raízes e fazer um novo replante. Se a base ficar com alguns pares de folhas, emitirá novos brotos.

- Quando a planta estiver fixada em tronco ou casca, não recebe nenhum nutriente, assim, é necessário alimentá-la com adubo solúvel em água, com maior frequência em dias quentes (duas a três vezes por dia), nesse caso, com concentração bem pequena de adubo.

- Se você observar com cuidado as orquídeas plantadas em vaso, vai perceber que umas estão úmidas e outras, ressecadas. Os vasos ressecados devem ser imersos na água por alguns minutos até você perceber que houve completa absorção da água. Faça o mesmo com as recém plantadas em palitos de xaxim ou cascas de madeira. Isto é particularmente importante, juntamente com adubação abundante, em plantas que estão emitindo brotos e que logo estarão soltando raízes, pois, do seu desenvolvimento pleno, vai depender a floração em todo o seu potencial.

Água e umidade
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A umidade relativa do ar (quantidade de vapor d’água existente na atmosfera) nunca deve estar abaixo de 30%, caso contrário, as plantas se desidratarão rapidamente. Em dias quentes, a umidade relativa do ar é menor, por isso é necessário manter o ambiente úmido e molhar não apenas a planta, mas também o próprio ambiente. Num jardim, com muitas plantas e solo de terra a umidade relativa é bem maior do que numa área sem plantas com piso de cimento.

Adubação
- As orquídeas necessitam de alimento como qualquer outra planta. Quando o adubo for líquido, dilua 1 ml (é igual a um centímetro cúbico) em um litro d’água. Uma seringa de injeção é um medidor prático.

- Quando for sólido, mas solúvel em água, dilua uma colher de chá (1 g) em um litro de água numa frequência de uma vez por semana. Essas soluções podem atuar como adubo foliar, mas nunca aplique durante o dia, pois os estômatos (minúsculas válvulas) estão fechados. Faça-o de manhã, antes de o sol nascer, ou no fim da tarde, molhando os dois lados das folhas (o número de estômatos é maior na parte de baixo das folhas).

- Concentração de adubo menor do que a indicada acima ou pelo fabricante nunca é prejudicial. Se diluir o adubo citado acima (um mililitro ou um grama) em 20 litros de água (ou mais) e com ela borrifar diariamente as plantas, você pode obter excelentes resultados. Corresponde a um tratamento homeopático. Dosagem maior que a indicada funciona como veneno e pode até matar a planta.

- Se o adubo for sólido, insolúvel na água, como o adubo da AOSP, deve ser pulverizado diretamente no vaso, numa média de uma a duas colheres de chá, dependendo do tamanho do vaso, uma vez por mês. É preciso cuidado para não jogar diretamente sobre as raízes expostas.

- Os adubos vendidos no comércio especificam as siglas NPK (com as respectivas porcentagens) que significam N (nitrogênio), P (fósforo) e K (potássio) que são macro nutrientes. Mas existem mais 3 macro nutrientes não citados que são Mg (magnésio), Ca (cálcio) e S (enxofre). Portanto, os macro nutrientes são 6 e não 3.

- Macro nutrientes são aqueles que a planta precisa em grande quantidade para crescer equilibradamente. São chamados de micro nutrientes aqueles que a planta precisa em menor proporção. A maior parte dos adubos não contém os 3 últimos macro nutrientes, mas apenas 1 ou 2 deles, porque a formulação com todos eles é quimicamente incompatível, ou seja, há uma reação química e um dos sais, que em geral é o sulfato de cálcio, não se dissolve e acaba se precipitando. (O sulfato de cálcio também é adubo, porém sua solubilidade é de apenas 2 gr por litro e contém os elementos cálcio e enxofre.)

- Assim, existem fabricantes idôneos de adubos que lançam no mercado o adubo básico com NPK e uma outra embalagem com o restante dos sais minerais, que complementam os anteriores, para ser aplicado alternadamente. (jamais se deve misturar os dois produtos). Mas poucos conhecem a existência desse segundo produto. Resultado: muitas vezes suas plantas não vão bem, embora você aplique adubo, porque faltam justamente estes nutrientes.

- Quem quiser fabricar seus próprios adubos, isto é, comprar as substâncias químicas que compõem todos os nutrientes de um adubo, pode usar qualquer uma das formulações abaixo especificadas.

1. Essa formulação é de uso geral, pois contém quantidades iguais de Nitrogênio (N), Fósforo (P205), Potássio (K2O), além do Cálcio (Ca) que é um elemento fundamental para o bom desenvolvimento das raízes.

100 g de fosfato de potássio monobásico ou fosfato de potássio diácido (KH2PO4);
38g de nitrato de potássio (KNO3);
427g de nitrato de cálcio [Ca (NO3)2 4H2O]

- Temos, então, um total de 565 g que pode ser diluído em 2 litros de água. Use 8 ml dessa solução concentrada em 1 litro de água e com ela borrife as folhas e molhe todo o substrato, numa média de uma vez por semana. Em dias quentes e secos, quando é preciso borrifar as plantas todos os dias, dilua os 8ml em 10 a 20 litros de água (dosagem homeopática).

A composição acima foi simplificada com o mínimo de produtos, mas, se você quiser, pode acrescentar 10g de nitrato de sódio (salitre do Chile) (NaNO3) que contém o elemento sódio que é um dos micronutrientes que muitas vezes é um fator importante para liberar o potássio (K) na planta.

2. Esta outra composição contém o restante dos elementos que não consta acima e deve ser aplicada a cada 15 ou 20 dias, mas jamais misturada com a primeira.
100g de sulfato de magnésio (Mg SO4.7H2O;
8g de ácido bórico (H3BO3);
4g de sulfato de manganês (MnSO4.3H20);
6g de sulfato de zinco (Zn SO4.7H2O);
2g de sulfato de cobre (Cu SO4.5H2O);
1g de sulfato de cobalto (Co SO4);
0,2g de molibdato de sódio (Na6.Mo7.O24.4H2O);
Faça uma solução concentrada de 2 litros e use 8ml em 1 litro de água.

Obs.: Pode acontecer de você adubar as plantas e as folhas começarem a amarelar ou aparecerem manchas, pintas ou estrias de fungos. Isto significa doença pelo ataque de fungos e bactérias e você estará alimentando hóspedes indesejáveis. Nesse caso, o primeiro passo é suspender a adubação e combater a praga com fungicida e bactericida, usando o dobro da dosagem indicada pelo fabricante e repetir por mais algumas vezes a cada 3 ou 4 dias, dependendo da gravidade da infestação.

Floração
De um modo geral, cada espécie tem sua época de floração que é uma vez por ano. Convém marcar a época de floração de cada espécie e examiná-las periodicamente, pois, caso não floresçam nessa época, você poderá detectar que algo errado poderá estar acontecendo com a planta e tomar providências. Por ex., em janeiro, temos a floração da C. granulosa, C. bicolor, C. guttata. Em abril, temos a C. violácea, C. luteola, L. perrine, C. bowringiana. Em novembro temos C. warneri, C. purpurata, C. gaskeliana. Existem orquídeas, como certas Vandas, que, bem tratadas, chegam a florir até quatro vezes por ano. O mesmo ocorre com híbridos cujos pais têm épocas diferentes de floração.

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