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Substrato é o termo técnico pra nomear aquilo no que uma planta é plantada. Não é a mesma coisa que “terra” (um conjunto de características físicas, químicas e biológicas a que se dá o termo técnico de “solo”), mas você pode se referir a ele como a “terrinha” na qual a planta cresce, que não mata ninguém.

Para uma orquídea de árvore, casca de pínus pode ser um ótimo substrato, mas, pra um cacto, o substrato perfeito precisa ter muita areia. Percebe, então, que não existe um substrato capaz de atender com os mesmos ingredientes a todas as plantas?

Nos gardens e floriculturas, você encontrará produtos com nomes como “terra vegetal”, “terra preta”, “condicionador de solo” ou, simplesmente, “substrato para mudas”, o mais comum e abrangente, no qual plantamos quase tudo, de horta a árvore.

O que vem dentro do pacote, no entanto, varia imensamente de acordo com cada fabricante. Pode incluir um ou muitos desses ingredientes (e ainda muitos outros): areia, turfa, carvão, húmus de minhoca, terra comum, composto orgânico, casca de pínus, pó ou fibra de coco, folhas secas, palha (de café, arroz, bambu, eucalipto e dezenas de outras plantas) e até mesmo “lodo orgânico de uso autorizado pelo órgão ambiental” (pasme!).

Com tanta variedade, é natural que a cabeça dê um nó, então, abaixo será mostrada a lógica por trás do substrato, pra que você consiga manipular o material que tem em casa, pensar em substituições e, principalmente, adaptar o substrato pras necessidades de cada planta.

Aqui vão coisas importantes pra você levar em conta quando for comprar substrato, reformar um vaso ou adaptar o substrato que tem em casa pra uma necessidade específica de uma planta. Ah, também tem uma lista de substituições, pra gente conseguir se virar com o que tiver à mão.

* Pedaço grande fica seco, grãozinho fica molhado
Primeira coisa, a saber, é que quanto maior o grão, menos água ele guarda – e quanto menor o grão, mais umidade ele segura. É como se a gente comparasse um vidro cheio de bolinhas de gude e outro cheio de farinha: grão grande deixa ar, que é exatamente por onde a água e os adubos passam depressa.

Substrato com pedaços grandes de qualquer coisa vai ser sempre mais seco, imitando a areia da praia, que mal é molhada pelo mar, já vai perdendo água.

Chamamos de arenoso o solo que segura pouca umidade, composto por quantidades maiores de areia e de pedrinhas e quantidades menores de argila e matéria orgânica.

Um substrato que seja arenoso vai ser mais leve de manipular, deixar as raízes mais secas, mas também vai segurar pouco adubo e rega. Pode ser perfeito para suculentas, para hortaliças de raiz (batata, macaxeira, cenoura, beterraba, rabanete), pra plantas bulbosas (tulipa, amarílis, jacinto, caládio, cebola, alho) e pra toda planta que não curta muita água nas raízes.

Por outro lado, substrato miúdo, tipo farinha, tem pouco ar entre os grãos, então, a água demora a passar. O solo que naturalmente tem grãos menores e é chamado de argiloso.

Como qualquer substrato, o argiloso também tem seus prós e contras. Por um lado, é super fértil, segura o adubo por mais tempo e é rico em matéria orgânica.

Por outro, empoça com facilidade, é pesado pra ser manuseado e pode abafar raízes de plantas mais delicadas. Substrato argiloso é perfeito pra forrações, especialmente se tiverem folhas largas, justamente porque segura água por mais tempo – experimente em ajuga, periquito e maranta, por exemplo.

Também é o tipo de textura preferida de biri, cóstus, alpínias e helicônias, além das plantas que amam áreas alagadiças.

Ingredientes em pedaços grandes, como brita, rolha, carvão picado e argila expandida (como mostra a foto abaixo), por exemplo, não chupam praticamente água nenhuma, mantendo o substrato mais seco do que um feito com material bem fino, como areia, coco triturado, carvão em pó ou borra de café.

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Geralmente, o que é mineral – areia, pedra, brita, seixo, caco de vaso de barro, telha quebrada, azulejo partido, isopor picado – segura menos água do que aquilo de origem vegetal, como cascas, folhas e sementes variadas. Há exceções, é claro, pra deixar a gente bem doido.

Mesmo sintética, a bucha de cozinha (foto abaixo) segura bastante água, assim como TNT, pano, estopa e Perfex. Se precisar aumentar a umidade de um substrato, você pode picar até mesmo pedaços de espuma de colchão pra misturar ao vaso e deixá-lo mais úmido.

Por outro lado, embora seja mineral, a vermiculita estufa com as regas e mantém o substrato molhado por mais tempo, enquanto as conchas, que são de origem animal, costumam deixar o vaso seco rapidamente.

bucha de espuma

* Conheça bem o seu substrato
Não importa com que nome você comprou substrato, toque-o com as mãos nuas. Sinta a textura que ele tem: é áspero ou macio? Quanto mais areia ele tem, mais esfola as mãos ao ser manuseado, quanto mais argila, mais agradável será ao toque.

Há pedacinhos de madeira no meio, pedras, grãos de tamanhos diferentes? Essas diferenças são importantes ao se escolher o que plantar – talvez seja preciso peneirar um substrato irregular ao semear sementes muito miudinhas.

Ponha rente do nariz e cheire. Tem cheiro de terra molhada? É um sinal de que provavelmente é bem fértil, com composto orgânico ou resíduos vegetais na composição.

O cheiro parece azedo, tipo feijão estragado? Sinal de que seu substrato ficou tempo demais no sol e algo ali dentro fermentou (é bem raro de acontecer, mas vai que você deu azar?). Se estiver com um odor desagradável, evite usar.

Há substratos que, curiosamente, não têm cheiro de nada – são estéreis, inertes, autoclavados, praticamente só com ingredientes minerais, então, você terá de adicionar adubo separadamente a esse tipo.

Pegue um bom punhado e olhe bem atentamente. O que dá pra enxergar no substrato? Muitos produtores incluem areia, turfa, vermiculita, argila expandida triturada e outros materiais pra conseguir características especiais.

Um substrato para samambaia, por exemplo, costuma ter muita turfa e pó de coco, aumentando a umidade pra esse tipo de planta, enquanto o saco de substrato para rosa-do-deserto provavelmente terá areia e perlita fina misturadas ao composto orgânico, pra aumentar a drenagem da água e não apodrecer o caudex da planta.

Uma última análise visual do seu substrato envolve a vida que há nele. Tem minhocas? Opa, sinal de que provavelmente inclui húmus e, portanto, tem uma dose extra de cálcio.

Se encontrar tatuzinhos, centopéias ou formigas, não precisa pirar, esses seres crocantes não farão mal à planta se você cobrir o substrato com uma grossa camada de palhinhas protetoras – mas, nesse caso, plante nele apenas as espécies que gostam de umidade.

* O substrato tem que ajudar a planta, não atrapalhar
Pensa no substrato como a casa das raízes. Pra que uma planta se sinta à vontade, essa casa tem de ser muito do agrado dela, certo? Então, leve em consideração que raiz fininha pede substrato miúdo, raiz grossa aceita substrato maiores.

Planta de folha grande, larga e fina, quase sempre as folhagens verdes, precisa de substrato mais úmido, enquanto planta que tem algum gordinho (nas folhas, no caule, no tronco, nas raízes) sempre vai preferir substrato mais seco.

Planta que passa o dia inteiro no sol está acostumada com substrato arenoso, enquanto aquelas de sombra imploram por um substrato argiloso. Se ventar muito onde o jardim está, talvez seja uma boa ideia pedir um help pro substrato e torná-lo capaz de segurar um pouco mais a umidade, evitando regas diárias.

Isso, aliás, é o que um bom profissional faz ao planejar a linha superior de um painel vertical, incorporando nos vasos do alto um mineral chamado vermiculita até cinco vezes o seu peso em água, mas mantêm as raízes arejadas.

Semente também tem seus caprichos: quanto maior o grão, menos água o substrato em que ele está deve ter, senão, a semente apodrece antes de germinar. Semente miúda, um cisco, tipo de alface, por exemplo, prefere um substrato capaz de segurar um pouquinho mais de água e ajudar o grão a estufar e logo brotar.

Plântula, a semente que está com o primeiro par de folhas, precisa ser cuidada com cuidado: não deixe que tome vento demais, sol demais ou que sinta sede demais. Nisso, outra vez, um substrato esperto pode ajudar.

Aqui vai uma lista de ingredientes que juntam mais ou menos água, pra você poder manipular o seu substrato como bem entender (e ainda improvisar com itens caseiros):

Muito secos
- areia grossa
- carvão em pedaços
- isopor picado
- pedras em geral (brita, quartzo, seixo de rio)
- argila expandida (também chamada de cinasita)

Secos
- areia fina
- conchas
- cacos de barro (de vasos, telhas, pisos e azulejos cerâmicos)
- rolhas de cortiça
- perlita
- carvão em pó
- serragem (de madeireira, nunca de marcenaria)
- aparas de grama (secas)
- palha de arroz (natural ou carbonizada)
- casca de pínus grande

Úmidos
- composto orgânico
- chips ou fibra de coco
- casca de pínus média
- cavaco de madeira
- sementes em geral
- vermiculita
- palha de palmeira (jussara, piaçava, carnaúba)
- casca de café, cacau e macadâmia
- capulho de algodão

Muito úmidos
- argila
- turfa
- estopa
- borra de café
- pó de coco
- bagana de cana
- casca de pínus pequena
- espuma de colchão
- esfagno
- bucha (sintética ou vegetal)
- musgo verde (vivo ou desidratado)

* Substrato e adubo não são a mesma coisa
Estamos indo bem nessa aula de substrato até você chegar aqui e querer plantar direto no húmus de minhoca ou na torta de algodão. Substrato e adubo são coisas diferentes, mesmo que, de bater o olho, pareçam iguais.

Se o substrato é a casa da raiz, o adubo é a comida da planta. A casa tem comida dentro dela, mas a comida não é a mesma coisa que a casa, certo?

Também no mundo dos adubos há centenas de variações. O adubo mais comum do mundo é justamente um dos maiores componentes dos substratos, o composto orgânico.

Lembrem-se da tal “terra vegetal” a “terrinha” escura que surgiu da decomposição de folhas, gravetos, cascas de frutas, talos de verduras, podas de árvores e arbustos, aparas de grama e outros resíduos vegetais.

Esse material pode apodrecer de forma controlada, sem gerar cheiro ruim nem atrair baratas, como qualquer pessoa que tem um minhocário ou composteira doméstica sabe. E, como subproduto, o composto orgânico ainda gera um líquido super nutritivo que muita gente chama errado de “chorume” e que, na verdade, é um biofertilizante super potente, ou mais adubo.

Há outros adubos que podem ser misturados ao substrato, mas primeiro conheça bem a composição do substrato que você tem pra não exagerar no adubo, ok?

Abaixo uma listinha de adubos, naturais ou minerais, que você pode encontrar pra comprar ou já incorporados ao substrato:
- Composto orgânico
- Bokashi
- Estercos (de vaca, frango, porco, coelho, cavalo, morcego…)
- Húmus de minhoca
- Farinha de osso
- Farinha de sangue
-Torta de algodão
- Torta de mamona
- Torta de algas
- NPK (sólido, líquido, granulado, em bastão ou pastilha, Peters, Osmocote, Basacote e outros nomes comerciais)
- Preparados mistos do tipo Magro, Super Magro, Viagra pra Planta

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