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laélia
Normalmente a crença geral é que as orquídeas são muito sensíveis, delicadas e que requerem muitos cuidados, mas, ao contrário, qualquer orquidófilo mais experiente sabe que essas plantas são em sua grande maioria bastante rústicas e suportam anos seguidos de mau cultivo e falta de boas condições para o seu desenvolvimento.

Tentarei aqui, de uma forma simples e clara, conduzi-los nos princípios básicos de cultivo e escolha das suas orquídeas.

Em princípio, o Brasil tem em quase todo o seu território ótimas condições para o cultivo de orquídeas, bastando apenas alguns cuidados básicos para o seu sucesso.

Ambiente
Existem alguns fatores essenciais para o bom desenvolvimento das orquídeas: luminosidade, umidade, temperatura, adubação, cuidados contra pragas e arejamento.

A luz é um dos elementos vitais para todas as plantas, sendo que algumas delas necessitam de

grande luminosidade, vivendo a pleno sol, outras queimariam se expostas totalmente aos raios solares e ainda algumas só sobrevivem em condições de muito baixa luminosidade.

Onde Cultivar
Isso se consegue com a construção de um ripado, um telado ou uma estufa nas dimensões cabíveis nos locais de que dispomos e, evidentemente, de nossas condições financeiras.

a) Ripado – Consiste em um local onde as plantas são protegidas do sol através de uma cobertura horizontal de ripas fixadas de forma paralela umas às outras e mantendo vãos abertos da mesma largura que as mesmas. Devem ser fixadas a aproximadamente três metros de altura. Isso dá uma penetração da luz solar em torno de 50%, ideal para a maioria das plantas.

A orientação das ripas é muito importante, devendo ser feita no sentido norte-sul, o que faz com que os raios solares projetem sombras que se movimentam sobre as plantas devido à rotação da Terra no sentido oeste-leste. Dessa forma as folhas das plantas ficam expostas alternadamente e por pouco tempo ao sol direto e à sombra, fazendo com que elas recebam a quantidade de luz necessária à fotossíntese sem correr o risco de sofrer algumas queimaduras.

Os melhores ripados são aqueles que recebem sol durante todo o dia. É importante também que esses ripados fiquem abrigados do vento sul, que é muito intenso no inverno.

As laterais do ripado podem ser fechadas também com o mesmo sistema usado no teto ou mesmo com treliça. Não se aconselha fechá-lo com trepadeiras ou mesmo outros arbustos, o que atrairia muitas pragas e também precisaria de maior manutenção.

O piso do ripado deve, se possível, receber uma camada de pedra britada ou pedriscos, de maneira a propiciar a evaporação da água, ajudando a conservar um bom grau de umidade atmosférica e mantendo uma boa aparência. Se o piso tiver algum tipo de revestimento, deve-se cuidar para que o ambiente interno não fique demasiadamente seco.

As plantas devem ser acomodadas dentro desse ripado em bancadas feitas com ripas, chapa-moeda, etc., e também dependuradas, cuidando para que todas recebam uma boa luminosidade.

b) Telado – A diferença básica que existe entre um telado e um ripado é que, em vez das ripas, usa-se para cortar o sol uma tela chamada sombrite, no teto, que pode também ser aplicada nas laterais. A vantagem dessa tela é que a sua trama corta de maneira uniforme a incidência da luz, tendo ainda outro ponto a seu favor, que é o fato de possuir várias gradações de intensidade, podendo-se escolher a que mais se adapte às nossas condições. Na maioria dos casos usa-se tela sombrite que corta 50% da luz incidente.

c) Estufa – Uma estufa bem dimensionada pode nos propiciar o melhor ambiente artificial para o cultivo das orquídeas, uma vez que ali dentro se controlam melhor as condições ambientais para as plantas.

A estrutura ideal é construida com arcos metálicos paralelos no teto, a aproximadamente 3 metros de altura, mas pode também ser feita de outras formas.

O importante é que ela seja totalmente revestida com material transparente – o que é feito com plástico na maioria dos casos – e que contenha algum sistema que permita boa ventilação nos dias mais quentes. Para tal basta que se instalem algumas janelas do tipo basculante que possam ser abertas sempre que a temperatura exceder os limites desejáveis.

Por baixo do revestimento de plástico coloca-se uma tela sombrite para cortar o excesso de luz, a uma distância tal que não entre em contato com o plástico.

É necessário lembrar que o plástico precisa ter tratamento contra raios ultravioletas (UV) para poder garantir a sua longevidade, caso contrário o sol o enrijecerá e ele se estragará em muito pouco tempo. Existem no mercado, nas lojas especializadas em material agrícola, plásticos já fabricados com filtro ultravioleta.

A grande vantagem da estufa é que, após a rega das plantas, a água não se perde pois, ao evaporar, satura o ambiente de umidade, propiciando uma atmosfera artificial ideal para as mesmas.

Umidade e Regas:
No ambiente artificial temos que cuidar para que elas recebam água suficiente para o seu bom desenvolvimento. A umidade relativa do ar ideal para as orquídeas situa-se entre os 60 e 80%.

É verdade que a maioria das orquídeas que cultivamos possuem pseudobulbos com reservas de seiva e se protegem contra a excessiva perda de água, podendo resistir por longos períodos sem receber água, mas caso isso ocorra perdem quase totalmente o seu vigor, desidratam-se e podem até mesmo atrofiar seus novos brotos.

Em épocas muito quentes temos que molhar nossas plantas todos os dias e se necessário for, até mais que uma vez ao dia.

Já no inverno a rega tem que ser mais esparsa, de acordo com as necessidades de cada local, observando-se os vasos e molhando-os apenas quando estiverem com o substrato seco.
De um modo geral quando as plantas estiverem com o substrato úmido, não há necessidade de regá-las e quando estiverem com o substrato seco, há necessidade de regá-las.

É importante ressaltar que as orquídeas resistem mais à falta de água por algum tempo do que ao excesso, pois se permanecerem encharcadas provavelmente não resistirão e apodrecerão.

O melhor horário para as regas é pela manhã antes do sol se tornar muito quente, ou ao final da tarde quando já passou o maior calor. É aconselhável evitar-se regas ao cair da noite, com o objetivo de restringir a possibilidade da proliferação de fungos.

Depois da floração as orquídeas devem receber menos água, porque nessa fase entram em período de repouso. As plantas que acabaram de ser plantadas não devem ser regadas nos primeiros 15 dias, bastando borrifá-las nas folhas.

Outra coisa importante é que não devemos regar as nossas plantas com água clorada, pois esse elemento (cloro) é muito prejudicial para as orquídeas. Para isso podemos deixar a água da torneira em repouso de um dia para o outro, tempo necessário para a evaporação do cloro diluído na água.

Temperatura:
Em cultivo é óbvio que não poderemos manter uma planta originária das grandes altitudes da Cordilheira dos Andes (por exemplo: Masdevallia veitchiana) no mesmo ambiente que uma planta da Amazônia tropical (por exemplo: Catasetum pileatum). Não haveria condições intermediárias de temperatura nem de umidade para podermos manter as duas plantas vivas. Teríamos que optar por uma ou por outra…

Por essas razões devemos cuidar para colecionar plantas com hábitos e necessidades semelhantes para não ter o risco de perder algumas delas por falta de condições de cultivo ideais, ou então construir locais com ambientes diversificados para os vários tipos de plantas, o que se tornaria muito caro e trabalhoso, inviabilizando de forma definitiva a coleção.

Em geral a temperatura ideal para o bom desenvolvimento vegetativo e também para a reprodução das orquídeas situa-se entre 18 e 28 graus centígrados, temperatura essa que ocorre também na maior parte do território brasileiro, o que facilita sobremaneira o cultivo das orquídeas no nosso país.

Adubação:
Quando em cultivo, as plantas precisam que lhes sejam fornecidos os nutrientes necessários à sua subsistência, o que em parte é feito pelo substrato, que no entanto vai se desgastando com o passar do tempo e então tornasse necessária a aplicação de adubos.

As orquídeas conseguem absorver nutrientes não só pelas raízes mas também pelas folhas, e o ideal é usarmos uma adubação balanceada, que pode ser ou não foliar. Os adubos são compostos basicamente de nitrogênio, fósforo e potássio (N-P-K) em várias concentrações diferentes, sendo que o componente básico para o crescimento é o nitrogênio.

Na época de desenvolvimento das plantas devemos adubá-las com compostos ricos em nitrogênio, parando com essa adubação na época em que se inicia a floração, quando os adubos devem ser mais ricos em fósforo. O potássio é necessário para que os tecidos das plantas não se tornem excessivamente flácidos, pois é esse elemento que lhes dá rigidez.

O leigo pode achar confuso tudo isso, mas é relativamente simples: quando adquirimos algum adubo no mercado ele vem com a formulação impressa na forma de números, por exemplo 30-10-10. O primeiro número indica a concentração de nitrogênio, o segundo a de fósforo e o terceiro a de potássio.

Assim, adubos com o primeiro número mais alto indicam que são mais ricos em nitrogênio, e assim por diante.

Esses adubos químicos são facilmente encontrados no mercado e devem ser aplicados diluídos em água e sobre toda a planta, através de borrifos com algum tipo de pulverizador. É importante seguir as instruções dos fabricantes.

Podem também ser usados adubos orgânicos e o mais conhecido é o composto com torta de mamona e farinha de ossos, que deve ser usado em pequenas quantidades sobre o substrato e a intervalos de 15 em 15 dias ou 20 em 20 dias, pois são muito fortes e fazem com que o substrato se deteriore mais rapidamente.

Substrato e Acondicionamento:
Nunca se deve usar terra para plantar as orquídeas, o que só é viável com as orquídeas essencialmente terrestres. O substrato deve ser arejado e com bons índices de drenagem, de modo que retenha a umidade, sem ficar encharcado.

Na realidade, o substrato não é o mais importante no cultivo das nossas plantas e sim, bem mais, o cuidado com a umidade, a temperatura e a boa adubação.

Existem vários substratos utilizados, como por exemplo a fibra de coco, o musgo esfagno, as fibras da piaçaba, casca de pínus, carvão, cascalho etc. Algumas orquídeas gostam de tocos de madeira, pedaços de casca de peroba (ou outra madeira com casca rugosa) e até mesmo o nó-de-pinho.

Entre nós brasileiros o xaxim desfibrado foi amplamente utilizado, com resultados excelentes. Mas hoje há diversas proibições à sua retirada das matas e industrialização que poderiam levá-lo à extinção. É possível que, com o plantio comercial do xaxim (Dicksonia sellowiana) possamos tê-lo de volta como substrato ideal para as orquídeas.

Hoje em dia, o substrato mais utilizado por amadores e profissionais é a fibra de coco misturada com casca de pínus e carvão. Ela deve ser lavada e esterilizada, sendo que já se encontra à venda no comércio, tratada e pronta para ser usada. Além disso, existem também à disposição dos orquidófilos alguns compostos que têm dado bons resultados no cultivo, principalmente quando se rega e aduba de forma correta as plantas. Quase todos esses compostos têm como elemento principal a fibra de coco, acrescida de alguns outros elementos, como por exemplo casca de pinus, cone de pinus picado, etc.

A experiência individual indicará qual o composto ideal para ser usado.

Para se plantar uma orquídea podemos usar vasos de plástico ou de barro ou mesmo caixinhas de madeira resistente, mas sempre de tamanho compatível com a planta, levando-se em conta o crescimento da mesma para dois ou três anos. Em alguns casos podemos usar também placas de fibra vegetal nas quais amarramos a planta diretamente. Se você tem árvores em sua casa, experimente prender as orquídeas nos troncos e veja o bom resultado.

Temos que considerar também o tempo de vida útil do substrato, que é em média de dois a três anos, enquanto que no musgo esfagno esse tempo já cai para pouco além de um ano.

Para uma boa drenagem e arejamento das raízes, 1/3 do vaso deve ser preenchido com caco cerâmico, pedra britada, etc., pois as plantas não devem ficar encharcadas de água o que provocaria o apodrecimento das suas raízes.

Pragas e Doenças:
No caso de ataque por pragas trazidas pelo vento, pelas formigas, etc. temos que primeiramente identificar o mal e depois combatê-lo de forma correta.

Por exemplo, o ataque de cochonilhas e pulgões é um indício de falta de umidade pela ação dos ventos, etc. Para o seu combate basta esguichar água sob pressão, que os desloca, encharca seus ovos e mata suas larvas. Caso a infestação seja maciça será preciso usar inseticidas. Outro exemplo é o caso de orquidários excessivamente úmidos, o que facilita a infestação por lesmas e caracóis, bastando então reduzir as regas e melhorar o arejamento para combatê-los.

Outro exemplo ainda é a sombra excessiva e com muita umidade que faz proliferar os fungos e até bactérias, que se apresentam de diversas maneiras, tendo-se então que sanear totalmente as condições ambientais com fungicidas e bactericidas para os eliminar completamente.

O pior inimigo é a contaminação por vírus, de que existem diversos tipos, marcando as folhas, descolorindo as flores e em sua maioria levando as plantas à morte. Infelizmente, não existe ainda cura para o ataque de vírus.

Certamente o melhor é sempre ter uma atitude preventiva, principalmente quanto à utilização de ferramentas desinfetadas mediante ação de fogo ou mergulho em uma solução esterilizadora, entre o trato de uma planta e outra. Uma abordagem mais extensiva sobre doenças e pragas foi feita em várias publicações específicas sobre o assunto, como o livreto “d & p”, encontrado em nossa seção de publicações.

passarinhos

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